Verduras.
Há tempos eu vejo as coisas se descompassarem. Os anos estão
passando e parece que você parou.
Parou nos dias que compartilhamos.
E lá ficou.
Cada vez que você soma mais um a sua lista, você diminui dois
da sua capacidade de
achar o seu lugar, a direção pra onde você deve seguir.
Onde e quando você vai parar?
Cada vez menos eu te conheço e cada vez mais eu vejo você
remar nesse barco, que você continua não sabendo pra onde vai, mas ainda sim
segue guiado pelo êxtase do desconhecido. Ainda não descobriu.
Sempre preenchendo o seu vazio de lares mais vazios ainda.
Isso vai ter fim um dia?
Eu cheguei a trilhar esse caminho, estava bem atrás de você:
seguindo perdido pensando ter me encontrado. Encontrado a solução dos meus
problemas acobertando um dos maiores medos da minha vida.
Que nada! Eu só estava era ficando mais líquido e ainda mais
desnorteado.
É fluxo, é movimento, é quantidade.
É vivência, é calor e é oco.
Estava em lugares sem saber por que, vivia momentos só pra me
mexer e quando a madrugada chegava só uma pergunta restava:
“Qual é o meu lugar?”
Chegou o momento em que, além de respostas, a vida me cobrou
soluções e comportamentos.
Eu respondi com esses dias e deu tudo errado.
Tudo errado.
Demorei um tanto pra encontrar a raiz do problema.
Bati cabeça, fiz chorar, me machuquei e acabei machucando.
Calhou das semanas me fazerem voltar no tempo.
Nesses tempos.
Lá eu encontrei: tudo isso que vivemos, tudo isso que
acimentamos nas nossas consciências e o ponto a que chegamos.
Estávamos nos envenenando sem saber com aquele torpor que a gente
só sabia ver o lado bom.
A hora da verdade chegou e chegou com força.
O paraíso que havíamos construído com deslumbramentos e
anseios em cima de um aterro de frustrações desabou. Não ia ser assim pra
sempre.
Custou bastante perceber isso.
Ainda bem que eu tive a oportunidade de romper as vidraças
que refletiam apenas o que eu queria ver.
Os sanduíches do fast-food agora não tem mais só a carne
saborosa.
Chegou o momento de saber que é preciso comer verduras
também.
Talvez esse tanto de palavras seja um exagero. Talvez não.
São 3:11 da manhã, mas nunca é tarde pra se constatar e
aprender algo novo.