1926/30.
Pois desde a década de 20 eles
começaram a acumular histórias, encher suas bagagens. É muita coisa, são muitos
e muitos anos. Eles têm o que ensinar, tem muito pra falar, mas não tem ninguém
pra ouvir. Nós não estávamos muito interessados em ouví-los, queríamos saber do
bolo pronto, do dinheiro pra figurinha, da cama arrumada, do presente do
coelhinho da Páscoa... Éramos ingênuos. Mal sabíamos nós, que num futuro um
tanto distante (talvez), o que eles podiam nos dar, no sentido substancial da
coisa, “não faria” falta, mas eles fariam falta.
Muitas experiências, muitos sentimentos (lágrimas) ficaram
trancados pela rapidez com que tudo aconteceu. Perdemos a oportunidade de ouvir
mais histórias do que já tínhamos ouvido, perdemos a suave companhia de duas
pessoas maravilhosas. Perdemos a oportunidade de fazer mais feliz quem já não tinha
mais tanto tempo quanto nós por aqui. Perdemos. Perdemos... E muito!
Só queriam companhia, queriam fazer alguém feliz. Queriam dar
a alguém tudo aquilo que não puderam ter desde a década de 20. Queriam o nosso
bem, fosse dando trocadinho pra comprar balas e besteiras ou cantando músicas
de ninar. Sempre quiseram o nosso melhor!
A gente não pôde ouvir tudo o que eles tinham pra contar, pra
dizer e pra ensinar. Eles queriam falar das suas vidas, suas experiências.
Queriam poder reviver com alguém tudo de melhor que um dia já presenciaram...
Mas o tempo foi cruel! Foi cruel e nos ensinou da pior forma algo que,
certamente, ainda demoraremos mais um tempo pra aprender e ser como devemos
ser.
E hoje, só nos resta tempo pra rezarmos por eles e mostrarmos
que as lições que tivemos tempo de ouvir, nós jamais hemos de esquecer.