Penúltima vez.
Eu particularmente odeio despedidas,
não sei lidar nem esconder. Enquanto sonho em paz na cama quentinha, a
despedida vem como um bicho papão frio e rouba o tempo dos meus sonhos. Rouba.
Chega sem pedir licença e sem fazer barulho. Assim não posso vive-los. Mesmo
assim, não desisto de sonhar!
A despedida é fria, é rápida, às
vezes vazia e boa parte das vezes trágica. Leva consigo a última vez, leva o
carinho, o amor que ainda havia pra acontecer. Aquele último beijo, último
abraço, último calor vai sempre ser o penúltimo se a despedida existir. A gente
quer sempre dar mais um, nunca acha que está pronto pra dizer “adeus”. E
deveria estar?
É complicado. Corta, deixa pra trás,
deixa um pedaço da gente pra trás. A despedida é um fantasma que vai sempre
existir se a gente ousar viver, descobrir novas experiências, novos lugares.
Por isso eu digo: se um dia eu souber lidar com as despedidas sem a menor dor,
terei perdido meu lado humano, afinal, quem é que consegue desligar e ligar os
sentimentos como se desligasse e ligasse a luz da sala de estar? A gente só
precisa ser forte, forte pra que cada última vez levada pelas despedidas possa
ser a primeira vez do próximo reencontro.
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